EVENTO MARCA O INCENTIVO A CONTAÇÃO
DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
No
decorrer deste ano letivo o Departamento de Educação Infantil estará realizando
projetos para despertar o prazer da leitura.
Sendo assim, para iniciar a
programação no dia 20/03/2013 aconteceu na Câmara Municipal de São Vicente o
Encontro de Formação Continuada de Professores de Educação Infantil, onde a
palestrante Marcia Alves, pedagoga com licenciatura em música e pós-graduada em
Artes Cênicas, abordou o tema “Contação de Histórias”. Os professores tiveram a
oportunidade de conhecer inúmeros materiais, de fácil confecção e que podem ser
utilizados como suporte na contação de histórias para as crianças, que em
diferentes faixas etárias exigem do contador o uso de técnicas variadas para atingir
os objetivos propostos.
A equipe técnica pedagógica e administrativa do Departamento de Educação
Infantil do município de São Vicente esteve presente para prestigiar o evento.
DICAS PARA ESCOLHER NARRATIVAS ADEQUADAS À FASE DO DESENVOLVIMENTO DOS
ALUNOS.
Beth Coelho
*Quem é Betty Coelho
Especialista em literatura infantil, professora, escritora e contadora de
história. Autora dos livros Contar histórias, uma arte sem idade, A menina do
avental, entre outros.
Contar histórias é atividade de
rotina em creches e escolas de Educação Infantil. Apesar disso, há sempre a
dúvida: como escolher a história certa para cada faixa etária? A resposta para
essa pergunta pode variar bastante, de acordo com as características de cada
turma, do grau de estimulação, do hábito de ouvir história, dos assuntos que
despertam mais interesse entre outros fatores. A escritora Betty Coelho*
dividiu as fases de interesse dos alunos da Educação Infantil em Fase
Pré-mágica, que compreende o período dos 0 aos 3 anos, e Fase Mágica, dos 3 aos
7 anos. Essas informações podem ajudar no seu trabalho diário e na escolha das
narrativas. Veja mais a seguir.
Fase Pré-mágica - de 0 a 3 anos
As histórias devem conter enredos
simples, vivos e atraentes, contendo questões que se aproximem o máximo
possível da vida das crianças, de sua afetividade, seus brinquedos e dos
animais que conhecem. Nesta fase são indicadas histórias de bichinhos,
brinquedos, objetos e seres da natureza, sempre humanizados, além de histórias
que tenham crianças como protagonistas. Um exemplo é "A Bela e a
Fera", na qual castiçais e relógios têm vidas próprias. O conto mínimo ou
parlendas são também boas opções de texto para trabalhar com essa faixa etária.
Fase Mágica - de 3 a cerca de 7 anos
Nesta fase, os enredos podem
trazer mais elementos, ou seja, são mais elaborados. É a fase do "conte
outra vez", em que as crianças solicitam que uma mesma história seja
contada repetidas vezes, para que possam apreciar com mais calma cada detalhe
da narrativa. Nesse período são indicadas histórias de repetição ou
acumulativas, como "O Macaco e o Rabo", trazida a seguir. Também são
boas opções histórias de fadas, de crianças, de animais e contos de
encantamento. O importante é amplie os enredos gradativamente, partindo de
histórias mais curtas para as mais longas.
Conto mínimo
São parlendas que transformamos
em histórias de acordo com a forma de contar. Aqui vai um para vocês brincarem
com seus pequenos.
Era uma vez três dois polacos e
um francês que certo dia, por causa de uma embriaguês, foram os três parar no
xadrez. Quer que eu conte outra vez? Era uma vez três...
O Macaco e o Rabo
Versão de Robson A. Santos
Estava o macaco na beira da
estrada e não percebeu que seu rabo a atravessava. Vinha um carro de bois e
passou por cima do rabo dele, cortando-o fora. Um gato que estava escondido
atrás da moita pulou e pegou o rabo do macaco. O macaco gritou para o gato:
_ Me dá o meu rabo, gato danado.
_ Só te dou se você me der leite.
_ E de onde tiro o leite?
_ Vá pedir pra vaca.
O macaco foi até a vaca e pediu:
_ Vaca, me dá um pouco de leite
para eu dar ao gato que vai devolver meu rabo.
_ Eu não! - disse a vaca - Só se
você me der capim.
_ E onde eu consigo capim?
_ É só pedir para a velha que
mora naquela casa.
E lá se foi o macaco.
_ Velha, dá capim para eu dar à
vaca, para ela me dar leite, para eu dar ao gato que vai devolver meu rabo?
_ Não dou! - disse a velha - Só
se você me der sapatos.
_ E onde consigo sapatos?
_ Vá pedir ao sapateiro.
E lá se foi o macaco até o
sapateiro.
_ Sapateiro, me dá sapatos para
eu dar à velha, para ela me dar capim, para eu dar à vaca, para ela me dar
leite, para eu dar ao gato, para ele devolver meu rabo?
_ Eu não! - disse o sapateiro -
Só se você me der couro.
_ E onde consigo couro?
_ Pede ao porco que está no
chiqueiro.
E lá se foi o macaco ao
chiqueiro.
_ Porco, me dá couro, para eu dar
ao sapateiro, que vai me dar sapatos, para eu dar à velha, para ela me dar
capim, para eu dar à vaca, para ela me dar leite, para eu dar ao gato, para ele
devolver meu rabo.
_ Não te dou couro! - respondeu o
porco - Só se você me der a chuva.
_ Chuva? E de onde tiro isso?
_ Pede para a nuvem, ora essa! -
disse o porco.
E o macaco pediu à nuvem.
_ Nuvens, me deem chuva, para eu
dar ao porco, para ele me dar o couro, para eu dar ao sapateiro, que vai me dar
sapatos, para eu dar à velha, para ela me dar capim, para eu dar à vaca, para
ela me dar leite, para eu dar ao gato, para ele devolver meu rabo.
_ Eu não! - disse a nuvem - Só se
você me der o fogo.
_ Fogo? E onde consigo isso?
_ Pede para as pedras.
E lá se foi o macaco falar com as
pedras.
_ Pedras, me deem fogo, para eu
dar à nuvem, para ela me dar chuva, para eu dar ao porco, para ele me dar o
couro, para eu dar ao sapateiro, que vai me dar sapatos, para eu dar à velha,
para ela me dar capim, para eu dar à vaca, para ela me dar leite, para eu dar
ao gato, para ele devolver meu rabo.
As pedras começaram a bater umas
nas outras e fizeram faíscas, que viraram fogo. O macaco levou o fogo para a
nuvem, que lhe deu a chuva, que ele deu ao porco, que lhe deu o couro, que ele
deu ao sapateiro, que lhe deus os sapatos, que ele deu para a velha, que lhe
deu o capim, que ele deu para a vaca, que lhe deu o leite, que ele deu ao gato,
que lhe devolveu o rabo. Mas quando ele pegou seu rabo de volta... nem quis
mais pois tanto tempo se passou que o rabo estava podre.
*Robson A. Santos é mestre em
Educação, Arte e História da Cultura, Educador Brincante, pedagogo,
folclorista, escritor e contador de histórias. Contatos:
professorrobson@uol.com.br