Considerando as
particularidades da faixa-etária de 0 à 6 anos e as necessidades educacionais
especiais em suas diferentes formas de aprendizagem, é necessário que o
currículo seja flexível, adequado, coerente, múltiplo e abrangente para organizar
os conteúdos a serem trabalhados. Neste contexto o presente Currículo visa a
abranger diversos e múltiplos espaços de elaboração de conhecimentos e
diferentes linguagens referentes a construção da identidade, os processos de
socialização e o desenvolvimento da autonomia dos educandos que propiciem por
sua vez, as aprendizagens consideradas essenciais. ( BRASIL 1998: p. 45)
1- Desenvolvimento Pessoal e Social
O âmbito do
Desenvolvimento Pessoal e Social está organizado de forma a garantir o
desenvolvimento de capacidades de natureza global e afetiva no qual predomina a
dimensão atitudinal das crianças, seus esquemas simbólicos de interação com as
outras crianças que possuem ou não necessidades educacionais especiais e com o
meio, assim como a relação consigo mesma, com atitude básica de aceitação, de
respeito e de confiança.
Esse âmbito
abrange três eixos:
·
Conhecimento de
si e dos outros
Conhecer a si
mesmo e ao outro são processos interligados e nesta relação são potencializados
os recursos afetivos, cognitivos e social, necessários ao desenvolvimento pleno
e integral de cada um. A referida Proposta trata das contribuições que a
educação infantil pode propiciar aos processos de socialização e de construção
da identidade das crianças, assim como dos cuidados essenciais necessários ao
seu desenvolvimento.
·
Brincar
Brincar é o
processo de diversão que no âmbito escolar possibilita de suscitar no educando
a criatividade o desenvolvimento, o raciocínio lógico, a participação, a
alegria e a descontração na construção espontânea do conhecimento. No brincar
as crianças exploram, perguntam e refletem sobre a realidade na qual vivem
desenvolvendo-se psicologicamente e socialmente. O brincar funciona como um
cenário criado pelas crianças e baseado nas suas vivências para que possam
expressar seu mundo interno, levantando hipóteses sobre seus sentimentos e dos
outros, sobre conceitos, atitudes e valores com os quais se defrontará em sua
vida. É como se fosse um laboratório do pensamento das crianças, no qual elas
aprendem a substituir um objeto por outro ou uma ação por uma ação imaginária,
agindo no faz-de-conta.
·
Movimento
O movimento para
criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou
deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica através de seus
gestos, mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do seu corpo. O
eixo de Movimento propõe um trabalho que considere a dimensão
expressiva/subjetiva do movimento e as diferentes posturas corporais exigidas
pelas necessidades do dia-a-dia, além do desenvolvimento psicomotor da criança
de 0 a 6 anos.
2-Ampliação do Universo Cultural
O âmbito da
Ampliação do Universo Cultural é relativo do trabalho com a cultura, entendida
de uma forma ampla e plural, acervos de produção simbólica, científica e social
da humanidade que engloba múltiplos aspectos e que está em constante
transformação e resignificação. Esta idéia de cultura transcende, mas engloba
os interesses momentâneos, as tradições específicas e as convenções de grupos
sociais particulares.
3- Áreas de Desenvolvimento
Levando em
consideração o processo de desenvolvimento da linguagem oral do educando, esta
instituição educacional, busca oportunizar diferentes situações de aprendizagem
de linguagem tais como: corporal, musical, plástica, oral e escrita
ajustando-as as diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a
compreender e ser compreendido, expressando suas ideias, sentimentos,
necessidades e desejos enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva.
·
Linguagem Oral
A criança
aprende a falar no convívio com falantes mais experientes. A fala das crianças
é reconstrução interna, resignificação, e também criação. Ao criarem palavras
podem cometer “erros” que na verdade demonstram uma certa compreensão da língua
que ouvem. As crianças desde muito cedo, portanto, pensam e elaboram hipóteses
sobre a linguagem.
A tarefa da
educação infantil é ampliar, integrar a fala da criança em contextos
comunicativos para que ela se torne um falante cada vez mais competente. Para
isto, é necessário atribuir intenção comunicativa à fala da criança prestando
muita atenção ao que diz, aprendendo sobre o jeito particular das crianças se
expressarem.
·
A Linguagem
Escrita
Durante muito
tempo pensou-se que a criança aprenderia a ler e escrever somente aos 7 (sete)
anos de idade quando ingressasse na escola formal.
Hoje se sabe que
a aprendizagem da linguagem escrita se inicia desde cedo através da
participação em uma comunidade que usa a escrita para se comunicar. É uma aprendizagem
de natureza conceitual, envolve compreender um sistema de representação não
sendo simples treino de habilidades motoras e perceptivas, nem tampouco mera
decifração do código alfabético.
Para aprender a
criança precisa pensar sobre a escrita e seus usos a partir de informações
provenientes de diversos tipos de intercâmbios sociais, isto é, quando
presenciam diferentes atos da escrita e leitura por parte dos adultos ou
crianças mais experientes: quando essas pessoas lêem jornais, receitas
culinárias buscam informações e um catálogo ou quando escrevem uma carta para
um parente distante. A criança também aprende sobre a escrita quando começa a
usa-la em suas brincadeiras, imitando a professora ou médico, por exemplo, ou
quando começa a tentar escrever seu nome .
Considera-se que
estas situações constituem um ambiente de letramento na instituição de educação
infantil, onde as crianças aprendem através de um contato amplo e constante com
textos reais, quando o educador considera que podem ler e escrever ainda que
não saibam faze-lo de forma convencional.
·
Matemática
A atenção dada à
matemática na educação infantil ao longo do tempo não tem seguido uma
orientação única. No entanto, a matemática estando explicita ou implicitamente
presente na educação infantil, é reconhecida como importante para o
desenvolvimento da criança pequena.
A criança desde
o seu nascimento está imersa em um universo cultural em que conhecimentos
matemáticos são parte integrante. Estes impregnam suas vivências e desde muito
pequenas elas participam de uma série de situações envolvendo números, relações
entre quantidades, noções sobre o espaço. As crianças precisam recorrer a
contagem para resolver seus problemas do dia-a-dia como, por exemplo: conferir
suas figurinhas, repartir as balas entre amigos, mostrar com os dedos a sua
idade, manipular o dinheiro e operar com ele. Também observa o espaço ao seu
redor e, aos poucos vai organizando seus deslocamentos.
A matemática se
caracteriza como uma atividade de resolução de problema. O sentido mais amplo
adotado por esta Proposta Pedagógica, se diferencia daquele que o considera
mera aplicação de conhecimentos adquiridos e que, em geral, coincide com
questões numéricas resolvidas por meio de operações aritméticas e procedimentos
convencionais.
Segundo
ABROMOWICZ E WAJSKOP (1999 p. 96): A iniciação matemática das crianças de zero
a seis anos acontece a partir das mais variadas situações. Mesmo que não lhes
sejam apresentadas com essa finalidade e que por isso mesmo não possam ser
consideradas genuinamente matemáticas.
Muitos jogos,
brincadeiras, histórias e situações cotidianas experimentadas pelas crianças
podem propiciar vivência e familiaridade com ideias lógica-matemática e
científicas. Nesses momentos, as crianças relacionam diferentes conhecimentos,
inventam, descobrem, tem ideias, atribuem sentidos.
·
Artes Visuais
O fazer em Artes
Visuais está significativamente presente no cotidiano da vida infantil. A
criança rabisca, desenha no chão, na areia, nos muros; pinta seus objetos, seu
corpo; utiliza vários materiais que encontra ao acaso- gravetos, pedra e
carvão, etc. Ao brincar de desenhar, exercita a construção e a representação do
mundo, seleciona imagens visuais que lhe são significativas.
Esta Proposta
Pedagógica visa inserir as Artes Visuais como área específica de conhecimentos
considerando que as crianças podem desenvolver a imaginação criadora, a
expressão e a sensibilidade a partir da ampliação do fazer artístico, da
percepção e do conhecimento de produções artísticas, assim como da utilização
de instrumentos e recursos próprios da linguagem artística.
·
Música
Presente no
cotidiano de modo intenso através do rádio, da TV, das gravações, jingles e
também por meio de brincadeiras e manifestações espontâneas com crianças, pela
intervenção do educador ou familiares e outras situações de convívio social, a
linguagem musical tem estrutura e características próprias devendo ser
considerada como área de conhecimento, estruturando-se por meio do:
ü
fazer
– através da interpretação, da improvisação e da composição;
ü
perceber
– pelo contato, escuta, apreciação e reconhecimento de elementos referentes à
matéria-prima ( som e silêncio) e a linguagem musical;
ü
refletir
– conscientizando questões referentes à organização e criação musical;
A introdução da
área de música nesta Proposta Pedagógica se deve à importância atribuída à
educação musical como parte da formação integral de cada ser humano e não visa
apenas ou especialmente a formação musical ou profissional do aluno.
·
Conhecimento do
Mundo
Desde muito
pequena as crianças vivenciam experiências e operam sobre conceitos, valores,
idéias, objetos concretos e representações sobre os mais diversos temas a que
têm acesso na sua vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos espontâneos
sobre o mundo que as cerca. Muitos são os temas pelos quais as crianças se
interessam: dinossauros, vulcões, tubarões, castelos, heróis, festas da cidade,
programas de TV, notícias da atualidade, histórias de outros tempos. Estes
temas envolvem conhecimentos de natureza as mais diversas derivando de um
conjunto de áreas tais como a Antropologia, a Sociologia, a Economia, a Física,
a Química, a Biologia, a História, a Geografia etc. O termo Conhecimento de
Mundo visa por um lado apontar para a abrangência das fontes que podem
alimentar a área e por outro dar uma conotação de integração entre os vários
conhecimentos.
Fonte: http://roubervalbarboza.wordpress.com/2010/09/13/objetivos-gerais-da-educacao-infantil/, acessado em 20/02/2013